sexta-feira, 19 de setembro de 2008


Havia uma tigela de leite branco ,onde antes havia cereal, não tratava-se de um deslize ou de uma redundância , aquele leite era mais branco que os demais mesmo.A cidade estava nublada e dentro de casa fazia frio , daí ela colocou as meias e ligou o rádio . Quase um ritual , tirando que dessa vez o leite estava surrealmente branco. O rádio agiu de forma previsível , tocou as músicas que não condiziam com seu humor e anunciou notícias que o piorava . Ela não sabe ao certo o porquê de ainda dar ouvidos aquele aparelho velho . Ao menos as meias cumpriam calorosamente seu papel, o leite a incomodava . Ela pensou no moço que levantou cedo pra tirar o leite da vaca e depois destinou todo seu cansaço para a indústria e sentiu uma raiva imensa dele. Dele , da vaca e da indústria também . Jurava que ali mais que líquido viscoso branco,tinha também as lágrimas do animal , ou esperma , ou tristeza . Será que o moço acordou triste porque o filho dele não entendia por que tinha que ler e sua mulher o apoiava?Será que a vaca sentiu ,naquele dia saudade do cabritinho e de seu boi? Será que a grama estava mais verde e o tempo mais hostil ? Ela certamente não entendia porque tantos fenômenos a rondava , mesmo quando o assunto em questão era seu leite . Ah , o mundo é o que seu olho reflete pra mente e traduz em seus pensamentos . Dias ''brancos'' eram precisos . Dias brandos . Ela não entendia , e até o leite gritava para seus olhos tal necessidade , mas seus pensamentos moravam em destinos incertos.

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